segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Retas Paralelas



Simplesmente não posso definir o que é o amor. Se soubesse explicar o que sinto, não a amaria, pois “o amor foge de todas as explicações possíveis”. Simplesmente não posso viver sem o seu amor. Sem você, simplesmente existo. Não me importo em ser um escritor desconhecido, um profissional desqualificado, um filho bastardo, temo simplesmente ter me tornado um amante fracassado. Já chorei por sua ausência, mas o pranto que mais me dói, é saber que “lágrimas não são argumentos”. Suportei a vida sem conforto, o trabalho sem descanso, a escrita sem poesia. Lutei por causas perdidas, critiquei a sociedade de classes, segui aos confins da terra o sonho de liberdade. Sobrevivi. Apenas para construir um jardim, onde nosso amor pudesse florescer. Sobrevivi. Apenas para eternizar nossa paixão. Sobrevivi. Apenas para ouvir sua voz doce, cheia de palavras a mim amargas.                                                  
Não peço que me ame por compaixão. “É inútil obter por piedade aquilo que desejamos por amor.” Peço apenas que não sofra. Que ao ver o meu cadáver frio, saiba que um dia, dentro dele batia um coração ardente, cadenciado pelos seus passos. Desejo a mais pura felicidade a você, a mesma felicidade que usufrui nos momentos a seu lado, e nas agora distantes lembranças se sua face. Chore, grite, brigue, vibre, lute, morra, mas nunca fique sem expressar os seus sentimentos, por mais ridículos e incompreensíveis que possam parecer. Provavelmente os mais belos poemas não existiriam, se os grandes escritores não ousassem falar do ridículo ou escrever sobre o incompreensível.                                                                       
Espero que tenha amigos. Verdadeiros ou não. Valorize os que enxugam as suas lágrimas antes que o reverberar do Sol as seque. Espero que tenha sonhos. Impossíveis ou não. Valorize os mais difíceis, são estes que levam a grandes conquistas. Espero que tenha grandes amores. Duradouros ou não. Pois eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica, ecoando na eternidade. Busque se lembrar de mim. Simples e verdadeiramente. Ao olhar o por do Sol, lembre-se que eu viveria sem a luz do Sol, mas morreria sem o brilho do seu sorriso. Ao ver uma criança, se lembre da inocência juvenil com que conquistei sua amizade. Ao ler um poema de amor, saiba que você foi a musa inspiradora das rimas de minha vida, autora dos versos mais bonitos.                      
Nossos caminhos se desvencilham aqui. Mas assim sempre foi. Nossos destinos são como duas linhas paralelas, que de tão próximas, chegam a bailar num mesmo ritmo. Dançarinos que não ousam se tocar. Retas paralelas. Quem sabe elas não se encontram no infinito?
(Edson de Sousa)

2 comentários:

  1. Se pegássemos a revolução de duas retas paralelas ao redor de si mesmas e olhássemos transversalmente em um ambiente tridimensional, veríamos uma circunferência. Poeticamente falando, um ciclo sem fim.
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    Nossa, lombrei. KKKKKKK'
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    '81 por dentro, 18 por fora.'

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  2. Este poema é tão belo que é impossível lê-lo sem nos emocionarmos. Quero muito imprimi-lo e colocar em um quadro para que não corra o risco de um dia se apagar.

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