segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Não se pode equacionar o sofrimento humano

Da mesma forma que não vejo sentido em enaltecer meros graduados que escondem suas muitas inseguranças por detrás de um frígido diploma empoeirado, não acredito em legisladores que adotam programas governamentais baseados exclusivamente em números raquíticos, resguardados por gráficos e tabelas insensíveis que distanciam os representantes políticos da real situação vivida pela população.
Causa primordial do descaso do poder público, a distância que se interpõem entre os vários níveis da sociedade acaba gerando aberrações como o surgimento de representantes políticos que se esquecem que a meta de qualquer governo é garantir a felicidade do povo. Direitos como o acesso a saúde, educação, moradia, transporte e segurança funcionam apenas como expressão de garantias legais que evidenciam a existência de uma sociedade saudável e próspera.
Grandes líderes ao longo da história, independente da ideologia defendida, sempre defenderam reformas que vão muito além da melhora de impessoais indicadores sócio-econômicos. Não se pode equacionar o sofrimento humano. A morte de milhares de pessoas não pode ser visto apenas como uma estatística. Miséria, fome, inanição, desemprego e exclusão são realidades muito duras para serem balanceadas e analisadas por meros economistas. Situa-se ai a diferença do grande estadista. A tragédia individual ou a catástrofe coletiva o emocionam profundamente. Sensibiliza-se não como o cientista que disseca a um cadáver, relacionando-se com a população mais como o obstetra que vê surgir gradativamente uma nova vida, a sociedade como extensão de um ser vivo em constante transformação. Rascunho mal-feito em permanente processo de revisão.

(Edson de Sousa)

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