sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Linhas


"Que é a nossa vida senão um entrelaçar de fios
que se unem ao movimento de nossas escolhas?"
Heva Freitas



autoria da imagem: rainbowsky





Se o destino existe, por que temos que fazer tantas escolhas?

Quando tudo o que queremos é apenas ver a resposta para nossos problemas fechamos os olhos e deixamos a mente vagar, aparece algo mais, outra decisão. E se nada mais parece faltar e as coisas se encaixam a inércia não funciona e logo elas se retorcem. Logo vem outra escolha.

O pior não é a dúvida de tentar descobrir o rumo a ser tomado, mas a cima de tudo o que é mais angustiante é saber que algo vai desaparecer. Imaginar sua vida em cada passo tomado, pesar e medir conseqüências, saber que no fim vai ter que abrir de um dos lados, mesmo quando é sua vida, ou a Coisa mais importante dela.

Dizem que não se pode ter tudo, mas também que pra qualquer coisa existe uma solução, uma conciliação. É nesse ponto que o medo de tomar decisões nos prende em situações insustentáveis e tentamos ir pelo caminho do meio assim sempre nos machucando.

Nunca podemos ter o melhor de tudo, nem fazer todos felizes. Só podemos esperar que a decisão advenha de pensamentos firmes e até prolixos, mas nunca impulsivos. Essa é uma época de decisões e embora tentemos sempre fazer o que achamos se bom pra todos nem sempre é assim, e só podemos torcer para que os que nos amam, saibam reconhecer a nossa aflição em decidir e apenas continuar nos amando independentemente de qualquer caminho tomado e ficarem felizes por nos ver bem.

E no fim, vamos ter certeza apenas de que nossas alternativas nunca acabam, basta que estejamos dispostos a mais decisões. Continuar mudando, decidindo, amando.




Nathália Sousa

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Fora pelo vestibular

Algum desavisado leitor que porventura tenha acessado essa página nessas últimas semanas, deve ter notado que está largada às moscas, devido ao vestibular. O 'devorador de homens' no máximo, ou 'a prova do ano', no mínimo...

Estaremos de volta em breve. Evito qualquer consideração sobre ele, seria mais uma opinião no meio de centenas já ouvidas.

Para todos os que prestarão (a maioria de nossos seguidores), boa sorte.
Estamos todos no mesmo barco.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desabafo de um estudante brasileiro

Escrevo sobre esse ignóbil tema muito mais como um estudante louco para desabafar sobre o sistema de ensino que o rege do que um pseudo-entendido no assunto. Chorar o sistema que força os jovens brasileiros a optar entre uma educação particular massacrante e cara, pautada no nome da instituição de ensino, à frente do interesse de qualquer aluno e a ridícula educação pública, de seus professores mal-remunerados, escolas caindo aos pedaços e desprezo total aos alunos (coitadas das pobres mentes brilhantes que ainda se arriscam a nascer nesse tipo de campo).

E por que estamos assim? Porque nosso governo prefere pagar mensalidades para manter os alunos na rede pública de ensino, mas não se preocupa com o tipo de escolas que eles encontrarão. Ah, mas educar é formar opinião crítica, maior temor de políticos que almejam se manter no poder. É preferível manter a população brasileira não como povo, mas como público dos desmandos dos chefões, assistindo bestializados à volta de nomes como Antonio Palocci, Renan Calheiros, José Sarney, Paulo Maluf, dentre outros.

Mas de vez em quando o governo resolve parecer competente e ativo, então lança uma ideia para tentar maquiar a falta de investimentos na educação pública, fazendo uma prova que lhes faça sentir melhor frente aos demais alunos. Mas como vivemos num país onde uma mesada é mais importante que um ensino de qualidade, só poderia dar errado. Eis que após tanta expectativa e propaganda do governo, o exame é cancelado. Se vai voltar ou não, pouco importa, a bagunça está feita e não é uma prova, ainda que valha a entrada em certas faculdades, vai resolver de uma hora pra outra. O senhor Sarney não deve gostar da ideia de ver, do alto de sua cadeira de presidente do senado, o povo criar opinião, portanto é melhor maquiar esse problema com uma prova que não cria opiniões. Afinal, feijão tropeiro, 'monabean' e pilhas de níquel são bem instrutivos...

Enquanto não houverem investimentos na educação brasileira, com melhorias na educação pública e nos processos seletivos, continuaremos a ser massa de manobra. Os estudantes, outrora o motor da nação, viraram meros espectadores na mão dos interesses políticos.

(Pedro Forti, assumindo os riscos das futuras críticas a receber)

sábado, 6 de novembro de 2010

Voz Íntima

Fecha-te, sofredor, na alva túnica ondeante
Dos sonhos! E caminha, e prossegue, embebido,
Muito embora, na dor de um fiei celebrante
De um estranho ritual desdenhado e esquecido!
Deixa ressoar em torno o bárbaro alarido,
Deixa que voe o pó da terra em torno... Adiante!
Vai tu só, calmo e bom, calmo e triste, envolvido
Nessa túnica ideal de sonhos, alvejante.

Sê, nesta escuridão do mundo, o paradigma
De um desolado espectro, uma sombra, um enigma,
Perpassando sem ruído a caminho do Além.

E só deixes na terra uma reminiscência:
A de alguém que assistiu à luta da existência,
Triste e só, sem fazer nenhum mal a ninguém.

(Singela homenagem aos 135 anos do nascimento de Amadeu Amaral, poeta capivariano)

Uma postagem sem política

Para os erros há perdão
Para os fracassos, chance
Para os amores impossíveis, tempo...
Não deixe que a saudade sufoque,
Que a rotina acomode,
Que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e
Acredite em você.
Gaste mais horas realizando, que sonhando,
Fazendo que planejando,
Vivendo que esperando
Porque, embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.
... Procure os seus caminhos
Mas não magoe ninguém nessa procura
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz
Revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças
Mas não deixe que ele se afogue nelas
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o

Clarice Lispector

Democracia circense

Mafalda anda tendo motivos demais pra rir-se ultimamente...
De que adianta o poder para o povo, se o que temos é um público?